PAI que abraça!
- Lilis | Linhas Livres
- 10 de ago. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2018
Por Miriã Almeida
Fotos Arquivo Pessoal

Dizem que “só é feliz quem é amado”, mas aonde está o amor? O amor, a meu ver, não se mede em palavras, presentes, mensagens e recados. Não que ele não esteja nessas demonstrações de carinho mas, de um jeito tão maroto e esperto, às vezes ele se esconde de maneira incrível e sorte de quem o consegue acha-lo. O amor de meu pai é assim, esperto, sorrateiro, silencioso, mas acredite é um dos maiores amor do mundo.
O mais velho de cinco filhos, meu pai, Evandro, o Tato para os mais próximos, se tornou responsável muito cedo, aprendendo a cuidar dos irmãos, levar na escola, alimentar, dar banho e até mesmo trocar fralda. Minha avó era faxineira e meu avô, mecânico. Ambos trabalhavam fora durante o dia e meu pai, como mais velho, ficava com os irmãos. Devido à correria da vida e a loucura de cuidar de cinco crianças, sempre ouvimos histórias de mais tapas do que beijos, mas isso nunca fez o carinho daquela simples família ser afetado.
Aliás, histórias não faltam nessa família, principalmente entre os irmãos. Meu pai nasceu em Pilar do Sul, uma cidadezinha aqui do interior de São Paulo, mas sua infância e dos seus irmãos foram em Votorantim e Sorocaba. Naquela época a vida era simples e não havia limites para brincadeiras e diversões nas ruas.
Como mais velho, meu pai logo arrumou seu primeiro emprego, por meio do programa da Guarda Mirim. Aos 10 anos entrou trabalhar em uma metalúrgica, para ajudar nas despesas de casa. Teve sua adolescência divida entre estudos e trabalho. Esse seu primeiro emprego lhe abriu portas para cursos técnicos no Serviço Nacional da Indústria (Senai) e na Escola Técnica Estadual (ETEC) Fernando Prestes, dando a ele mais oportunidades profissionais.

Entrou também, aos 18 anos, para o Tiro de Guerra de Sorocaba - e serviu com dedicação, garanto. Tantas tarefas não o impediam de ser um “paquerador”. Mas foi minha mãe, Sara, quem conquistou o coração do jovem responsável. E juntos começaram sua jornada familiar bem novos: minha mãe com 16 anos e meu pai com 19.
Após algum tempo, resolveram que a casa precisava de mais uma vida e escolheram ter filhos. No caso, tiveram apenas eu - devido aos problemas de saúde de minha mãe. Mas convenhamos, eu faço a vez de muitos, confesso. Não me recordo de um tempo em que meu pai não esteve presente na minha vida. Ele sempre esteve aqui, por mim, por nós. Nosso relacionamento sempre foi amigável, parece ser um termo estranho entre pai e filha, não é? Principalmente nos dias atuais. Mas é o que mais nos define.
Minha mãe sempre disse que parecemos dois irmãos: um brigando com outro, com provocações sem limites, acobertando as aprontações, até mesmo as notas baixas da escola.
Mas um fato interessante sobre meu pai é que raramente ele diz que me ama, com todas essas letrinhas do “filha, eu te amo”, sabe? Porém, ele me observa, me ouve, sorri com minhas histórias, dá risadas das minhas paranoias, me aconselha quando preciso e quando estou mal, do seu jeitinho único, me acolhe.
“Fica aqui um pouquinho, aqui com o pai, já passa”. O melhor sempre foi o fato dele acordar e levantar todas as vezes em que eu pedia um leitinho, fosse de madrugada ou de manhã, mesmo atrasado para o serviço, ele nunca negava. Hoje não moro mais com ele e juro, o leite que preparo nunca será igual o dele.
Todas essas situações mencionadas, e muitas outras não citadas, são modos únicos que meu pai utiliza para transmitir o seu amor por mim. Esse, para mim, é o verdadeiro amor, mesmo silencioso, mesmo sorrateiro, ele está lá pronto para qualquer hora, para qualquer situação. Meu pai aprendeu a amar mesmo enfrentando dificuldades desde pequeno, em uma época em que o mundo e suas utilidades não eram tão acessíveis como atualmente.

Além de amar de uma maneira tão linda e única, meu pai também desenvolveu uma fé inabalável em Deus, ou como ele mesmo chama, o “Paizão”. Enfrentou dificuldades quando criança, necessidades, encontrou desafios na adolescência, construiu do zero uma nova família, passou pelos desafios dessa crise avassaladora, “casou” sua filha e passou por tantas outras coisas. Mas em tudo sempre foi firme e o sorriso sincero em seu rosto nunca sumiu.
Agradeço muitíssimo a Deus por ter escolhido um cara tão incrível como o Evandro para ser meu pai, por preencher ele de fé, confiança, por ele ser luz por onde passa, capaz de amar de seu jeito único a mim e todos os nossos familiares. Sou grata por esses 20 dias dos pais ao seu lado, pai. Você foi, é e sempre será essencial na minha vida.
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Miriã Almeida
Dona do mundinho azul, lutando todos os dias com seus próprios leões. Ela é da paz e pela paz. Futura jornalista e, quem sabe, administradora também. Corajosa por acreditar no amor e medrosa para filmes de terror. Coragens absurdas, medos ingênuos. Não há nada que a impeça de acreditar, a não ser ela mesma, mas pode ter fé, um dia ela chega lá. Lá? Aonde? Aonde ela quiser chegar. (Leia mais aqui!) Foto Pâmela Ramos
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