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MESTRE é quem aprende o que ensina!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 15 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

Por Isabel Rosado

Imagem Divulgação

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As ruas da metrópole de São Paulo são regadas de histórias. Pessoas com diferentes destinos andam com pressa, sem olhar para trás ou para os lados. Em meio ao trânsito, as conversas e aos cheiros variados estão os moradores de rua sendo esquecidos, despercebidos, invisíveis. Com diferentes narrativas de vida, eles tentam sobreviver à agitada cidade grande, seja embaixo das pontes ou em vielas, eles existem e fazem parte da paisagem.


Marcos Roberto Souza Silva viveu durante anos neste cenário. Criado pela avó desde muito novo, conheceu a mãe apenas aos doze anos de idade. Mas sua vida se complicou em 2003, quando experimentou o mundo das drogas. Depois disso, o vício começou a tirar tudo o que tinha, levando-o a morar nas ruas da capital e dependente do crack.


Dez anos se passaram e sua percepção de mundo despertou aos poucos. O desejo por uma vida melhor começava a surgir em seu coração, porém, ele não tinha forças para lutar contra o vício sozinho. Decidiu então procurar pela mãe, a última pessoa a quem implorou por ajuda, pois seus parentes haviam desistido dele e pedido para que fosse até ela.

Quando chegou na porta da casa dela estava magro, sujo e cheirando mal, esperava por conforto e um carinho de mãe, entretanto, recebeu em troca um olhar triste e poucas palavras, que foram difíceis de aceitar. Na ocasião, ela disse que não teria estrutura suficiente para cuidar dele.


Naquele dia, Marcos saiu desolado e pronto para tirar a própria vida, pois não havia mais ninguém para ajudá-lo. Entrou em um ônibus e se sentou num dos últimos bancos. Pesando apenas quarenta quilos, já há muitos dias sem dormir e sem comer, adormeceu, praticamente desmaiado. Quando o ônibus fez uma de suas últimas paradas, desceu em frente à pousada Esperança, um lugar de acolhimento aos moradores de rua, foi como se surgisse uma luz no fim do túnel.


Ele procurava apenas por um prato de comida e uma cama para dormir, no entanto, achou bem mais do que esperava, encontrou com o futuro. Pessoas maravilhosas fizeram parte do seu processo de recuperação e a vontade de viver e ter a família de volta foram seus maiores motivos para mudar. Ele utilizou dos serviços que o lugar oferecia durante quatro meses, começando a restaurar seu corpo, sua mente e sua alma.


Ao findar o tempo de ajuda na pousada, conseguiu um emprego de auxiliar de limpeza no Serviço Social do Comércio (Sesc) do bairro Santo Amaro e por dois anos se manteve no local. Marcos ainda segue alguns procedimentos que foram lhe ensinado no período da recuperação, a fim de manter uma boa estrutura. Está fora das ruas há cinco anos e há um ano e meio presta serviço voluntário no grupo de apoio da pousada, passando para aqueles que precisam suas experiências e lições de vida.


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Cada conquista é uma comemoração em sua jornada. Após trinta anos sem estudar, retornou à escola para buscar o seu tão esperado diploma. Dentro desse período, conquistou o certificado de segurança. Pretende crescer dentro do lugar que tanto lhe ajudou, tem o objetivo de ser um educador na pousada. Com um dom nato para escrever histórias, publicou em um jornal da escola um pouco sobre sua trajetória, que intitulou de ''Um sonho impossível''.



Por dez anos, vivendo sem esperança de que um dia estaria livre daquilo que tanto o atormentava, não achava que teria a admiração da família, um bom emprego e que estaria em uma sala de aula novamente. Mas o destino o surpreendeu. Aos poucos ele está conquistando, com muita garra e lutas diárias, tudo aquilo que as drogas lhe tirou, e com isso, o desejo de viver é a cada dia renovado.


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''Um Sonho Impossível''

de Marcos Roberto Souza Silva


Sonhos são sentimentos que nos impulsionam ao limite do querer e do realizar. Três anos atrás tive um sonho que era impossível, mas que se realizou. Eu me encontrava em situação de risco, morando na rua já há dez anos. Até hoje me pergunto “como foi possível?”. Eu não tinha nenhuma perspectiva de vida, dormindo noites e mais noites em um chão gelado, duro e, muitas vezes, debaixo de chuva. Pois um belo dia uma frase me veio a cabeça "se eu não mudar, nada mudará!". Pensando assim, procurei meios para que o sonho impossível se realizasse. Lutei muito para concretizar o sonho de me reintegrar à sociedade e poder estar com minha família, amigos e de me envolver em projetos para ajudar pessoas que vivem atualmente a realidade que vivi. Foi uma luta! Construindo o sonho que sonhei acordado, sentindo a navalha na carne todos os dias. Trabalhando e estudando muito para poder viver com dignidade, sair da rua, ter um lar. Mas, como experiência, trago comigo a certeza de que vale a pena correr atrás dos seu sonhos. Sempre! Pois desistir nunca será uma opção. Materialize seus sonhos!


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Isabel Rosado


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Almeja grandes feitos. Possui uma lista de deveres a cumprir durante a vida. Ajudar aos outros e aos animais são coisas essenciais. Sem muitas decisões por enquanto. Criando sonhos e tentando realizar as ideias mais loucas. Isabel Alves Rosado, futura Jornalista, com alma de viajante. (Leia mais aqui!) Foto de Pâmela Ramos.


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