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RAIMUNDA, a mãe resiliente!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 27 de mai. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2018

Por Antonia Ribeiro (Nenna)

Foto Arquivo Pessoal


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A figura da mulher na minha vida teve diversos significados, algumas delas deixando grande contribuição para formação do meu caráter, do meu eu, como mulher forte e determinada, outras dando exemplos que nunca deveria seguir. Uma delas é dona Raimunda, minha mãe, falecida, que me mostrou que a mulher é capaz de sonhar e realizar cada um dos seus sonhos, mesmo que seja para dizer: “Eu não consegui, mas tentei”, como falava.


Minha mãe era uma a mulher branca de cabelos pretos cacheados, uma mulher alegre, meiga e cozinheira de mão cheia, sempre preocupada com os trabalhos da casa uma Amélia, como costuma dizer. Tenho saudades do seu tempero. Tenho poucos traços dela, pareço mais com meu pai, mas tenho nela um grande exemplo de determinação e coragem.


Recordo dela sentada na varanda em uma cadeira de balanço fazendo crochê ao som de Roberto Carlos, era apaixonada por suas músicas, falava que um dia iria em um show dele, era um dos seus sonhos. Uma de suas histórias que mais me marcou foi o fato de não ser alfabetizada. Quando jovem, trabalhava na roça com os pais, em Montalvânia, interior de Minas Gerais, e precisou deixar de lado os estudos.


Aprendeu apenas a escrever o seu nome. Casou-se ainda adolescente, como era de costume na família, composta por 19 filhos, nos quais 12 deles eram mulheres. Ela sempre falava de voltar a estudar e o marido a desanimava falando que era bobagem uma mulher, já casada e com seis filhos, ir para a escola. A intenção era ajudar os filhos nas atividades escolares, ler um livro, seguir uma receita de bolo sem pedir ajuda, sentia vergonha de falar que não sabia ler. Carregava nas costas a morte de uma das filhas.

Por conta de um medicamento receitado equivocadamente, que lhe causou a morte, sentia-se culpada por não saber ler a bula do remédio. Tinha no rosto as marcas do sofrimento e a perda da filha. Anos depois, tomou coragem e voltou a estudar, por incentivo dos filhos, já adolescentes. Com orgulho, a vi várias vezes sair de casa com o seu material escolar nos braços e com um sorriso no rosto a caminho da escola.


Naquela época também motivou duas amigas a voltar a estudar dando exemplo de força e superação diante dos obstáculos que o marido sempre colocava. Com muito esforço concluiu o Ensino Médio, sendo uma das primeiras alunas da turma. O conhecimento lhe abriu os olhos e mudou seu modo de agir, já não aceitava e baixava a cabeça para tudo, dando exemplo de que todos são capazes e de que nunca é tarde para realizar seus sonhos. Nunca!


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Antonia Ribeiro (Nenna)


Pedagoga, mãe de três filhos - Alysson, Daniele e Arielly -, e tem um coelho chamado Rubi. Trabalha num projeto social para crianças e adolescentes como coordenadora pedagógica, é romântica e sonhadora. Acredita que o mundo será melhor se as crianças forem realmente cuidadas. (Leia mais aqui!) Foto: San Paiva | Fotopoesia

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