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SABEDORIA de pai!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 10 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2018


Por Maíra Alves

Fotos Arquivo Pessoal


Meu pai é jovem. Aliás, ele e minha mãe. Ele é alto, tem cabelos bem escuros e a pele clara. Os olhos, herdados de minha avó, são castanhos esverdeados, mudando de cor dependendo da luz. Aliás, meu pai e minha avó são, como diz o ditado, cara de um, focinho do outro. Ele tinha 23 anos quando eu surgi em sua vida. Digo surgi porque ele não teve tempo de me planejar. Nem ele, nem minha mãe. Eu vim e mudei a vida deles como num passe de mágica.


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Ele era frei franciscano na época. Diz sempre que não tinha pretensão alguma de seguir na vida religiosa, que estava no seminário para estudar filosofia e teologia. E levando em consideração as peças que pregava nos colegas e a bagunça que fazia - reveladas em parcelas, uma descoberta nova à cada sessão de contação de histórias -, é bem claro que não tinha vocação nenhuma mesmo. Mas o espírito brincalhão e sarrista, o qual olhando assim, rapidamente, ninguém nem desconfia que exista até hoje, vem de bem antes daquela época.


Nascido no bairro Barcelona, em Sorocaba (SP) - recanto das famílias espanholas, como a minha, que povoaram as terras sorocabanas -, meu pai era pequeno ainda quando meus avós construíram uma casa na vila Zacarias. Diferente de hoje, onde as ruas são estreitas e a tranquilidade escassa, a Zacarias do meu pai era palco das mais diversas aventuras. Ali ele cresceu, estudou, fez amigos, conheceu gente, bicho, caminhos de terra e de asfalto. Saiu de lá aos 18, deixando para trás os pais e a irmã mais nova. O primeiro pouso foi em Franca (SP). De lá foi para Guaratinguetá (SP), depois passou por Santa Catarina e outros lugares mais.


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A última parada foi a quente e amistosa Belém (PA). Lá conheceu minha mãe, que na época participava do grupo de canto da igreja. Sempre muito brincalhona, minha mãe diz que, da parte dela, foi amor à primeira vista. Minha mãe tem traços bastante característicos dos paraenses. Minha família sempre brinca que meu pai se casou com uma índia.


Da relação dos dois, nasci eu. Meu pai, assim que descobriu que eu estava à caminho, saiu do seminário, pediu ao meu avô para se casar com minha mãe e, depois do meu nascimento, com ajuda do padre e dos amigos, ele e minha mãe vieram para Sorocaba. E o resto, como dizem, é história.


Foi ele quem me ensinou a ler, escrever, andar de bicicleta, fazer contas... Foi ele também quem me mostrou e mostra todo dia que o mundo é muito mais do que a gente vê. Sempre preocupado com meus estudos nunca, nunca mesmo, me negou um livro. E essa é uma das coisas que eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente à ele. Meu pai é das pessoas mais incríveis que conheço. Engraçado que só, mal-humorado e ranzinza também, se é que dá para ser tudo isso ao mesmo tempo.


Sei que nós dois temos muito em comum e é isso que me dá esperança de me tornar alguém tão incrível quanto ele algum dia. Alguém que luta pelo que acredita e que está sempre pensando naqueles que ama. Porque dentro daquele grandalhão sisudo, existe um coração para lá de grande. Ao meu pai, Márcio Alves, meu orgulho e respeito para todo o sempre.


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Maíra Alves


Belenense de nascença e sorocabana de coração, Maíra carrega a poesia no nome. Transforma coisas boas em palavras, coisas ruins em versos e escreve o que a fala não é capaz de expressar. Com 20 anos, é estudante de Psicologia e tem como motivação para seus textos as alegrias e desafios da vida. (Leia mais aqui!) Foto San Paiva | Fotopoesia

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