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ANSIEDADE, uma visita indesejada!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 25 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

Por Eduardo Lira

Imagem de Katie Crawford*


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Há dias em que juro poder ouvir o silêncio gritar. Principalmente nos dias em que olho para os lados e estou rodeado de pessoas, mas me sinto mais vazio do que se não houvesse ninguém por aqui. É estranho sentir-se vazio quando se está cheio? Nestes dias ouço um grito alto e fino que me paralisa, percorre, enrijece o meu corpo e desacelera minha mente. Dias que já se parecem tarde demais para continuar e momentos em que eu me olho no espelho e não me enxergo, vejo só reflexo.


Uma pessoa. Um corpo, desconhecido.

Quando ouço esse grito agudo, um gélido arrepio sobe minha espinha, me congela e me quebra, deixando-me em pó. Fico esperando o vento bater e me arremessar para longe. E o vento vem, com toda fúria e poder.


Me devasta, me arrasta e mais uma vez me sinto impotente e sem forças para combatê-lo. Tento me restaurar e usar os braços para andar contra a ventania, mas ela é forte demais e me derruba novamente.


Então ali caído, fico abatido, gangrenando o vazio, e espero mais uma vez que o vento venha me levar. E mais uma vez, ele vem. O vento da ansiedade me pega nos momentos mais impertinentes possíveis, nos momentos em que mais preciso de paz.


Vem como efeito borboleta e nunca sei o tamanho do estrago que irá causar. Sussurra nos meus ouvidos coisas horríveis sobre minha existência, convivência e vivencia.

E por mais que eu saiba que não são verdades, ainda assim dou razão e acho que quem está à minha volta, se não está sentindo o sopro junto, então está dando ouvidos ao furacão.


Mas claro, há também os dias bons, onde a ansiedade viaja pra longe e onde vento nenhum consegue me encontrar. E mesmo que me procure por todo canto, não dá pra me achar.


Paredes surgem e me protegem, como carinho de mãe em criança machucada, que chora até dormir no abraço quente de amor. Amor que são paredes, com toda sua grandeza barram a fúria da ventania.


E ali fico estagnado, aproveitando, mas sabendo que mais uma vez o vento pode me levar. Pois nada nem ninguém impede o vento de me achar, sempre se abre uma brecha e ele não hesita em transpassar... então as férias acabam.


Há angústia no desconhecido, no perigo próximo, ou a algo tão querido e esperado. O medo do que pode vir ou não acontecer. O sofrimento de apreensão em relação a tudo e a todos volta de viagem com a ansiedade e apertam a campainha.


Mas não tenho a opção de não abrir. O vento me encontra e novamente o silêncio grita.


***


*Katie Joy Crawford é uma fotógrafa estadunidense que lutou, durante quatro anos, contra o Transtorno de Ansiedade e Depressão. Ela desenvolveu a série de autorretratos "Meu coração ansioso", para mostrar, por meio da arte, os sentimentos do paciente.


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Eduardo Lira

Eduardo Reis Lira é sergipano criado e crescido em Sorocaba (SP), estudante de Jornalismo pela Universidade de Sorocaba (Uniso) e amante de livros, séries, sagas e poesias. Taurino, faminto por doces e pelos momentos capturados em fotografias, tenta transcrever os sentimentos em suas linhas. Atualmente é estagiário na Assessoria de Comunicação da Universidade de Sorocaba.

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