top of page

CLEIDE AGUIAR!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 1 de out. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de out. de 2018


Fotos San Paiva


Nasci no sítio dos meus avós, Antonio Pedro de Oliveira e Justina Maria do Espirito Santo, que ficava no bairro das Palmeiras, em Taquarituba (SP). Mas sou a segunda filha, dentro oito, de Otília Aparecida e José Domingues de Moraes. E confesso, desde muito pequena me mostrei desafiadora.


ree

Aos 3 anos de idade dei um susto no vovô. Sem que ninguém me visse, peguei o machado dele e fui trabalhar - derrubar palmeira para extrair palmito. Por causa da façanha, ganhei o primeiro apelido, “Quidinha”, dado por meus queridos avós. Mas que meus filhos, depois, acrescentaram o “Machadão". Logo, Quidinha Machadão.


Apelido que não admiro, mas admito. Diz muito sobre mim! Comecei a trabalhar muito cedo, na roça, na colheita de algodão, ajudando minha família que vivia sem energia elétrica, sem água encanada, sem piso no chão de casa. Fugi de casa aos 17 anos por insatisfação com as regras que me impunham.


Mas voltei porque meu querido pai me buscou, com carinho e compreensão. Trabalhei em casas de família, com serviços domésticos e cuidados com crianças. Buscava uma vida independente e não demorou muito, fui morar sozinha. Aprendi muito com algumas das famílias para quem trabalhei.

Cultivei afetos que crescem até os dias de hoje. Acredito que a persistência nesses laços se devem ao inegável prazer que tenho em me relacionar de maneira muito carinhosa com quem tem o coração aberto para amizade verdadeira. Também trabalhei em indústrias, onde conheci a militância política.


A vivência com as imposições patronais, a consciência dos Direitos Trabalhistas e a força da coletividade me ensinaram a entender muito parte do que sou. Entendi o valor do ser humano, a necessidade de igualdade e qualidade de vida e a força da união para que o trabalho e a vida sejam respeitados e valorizados.


Foi nesse período em que trabalhei em fábricas que conheci meu marido, Sergio Augusto Rodrigues Aguiar. Juntos, tivemos dois filhos. A Dalila Tais, de 30 anos, e o Danilo Tauê, de 26. Que se orgulham e me orgulham muito a respeito da força e afetividade que os transmiti. Endurecem quando necessário, pero sin perder la ternura.


Neste percurso da maternidade, Danilo foi diagnosticado com diabetes ainda pequeno, com apenas 2 anos de idade. Diante da enfermidade, para dar as melhores condições de vida, aprendi tudo que pude a respeito da doença e dos meios de contornar as adversidades.


Entre muitas dificuldades, principalmente numa época em que a Internet não era tão acessível, acredito ter criado sozinha um método para controlar, de maneira detalhista, a glicemia do meu filho. Método este que o médico endocrinologista da época, a princípio, rejeitou.


Mas que algum tempo depois foi publicado no Brasil como possível alternativa científica – método este que conta o carboidrato ingerido e que foi criado, na verdade

em 1935, porém aceito por aqui somente em 1997. Felizmente, muitos diabéticos atualmente possuem um controle muito maior da saúde utilizando esse método.


Essas e outras experiências me marcaram, mas também fortaleceram em mim a ideia de que eu era verdadeiramente alguém capaz de ajudar o próximo e até salvar vidas - nem sempre humanas -, mas valiosas como todas. Tanto é que, por amor aos animais, comecei a trabalhar em Organizações Não-Governamentais (ONGs) dedicadas ao bem deles.


Como a Fundaçao Alexandra Schlumberg (FAS) e a Salve se Puder, e a atual Grupo de Amparo ao Melhor Amigo do Homem (Gamah). Dessa forma, já somo quinze anos de atuação, pois desde sempre vi a importância da minha atuação ao ajudar, seja quem for a superar dificuldades que muitas vezes significavam a vida ou a morte.

Salvei, em parceria com pessoas incríveis, a vida de diversos animais abandonados, vítimas de maus-tratos e doentes. Atualmente mantenho amizades que me trazem muita felicidade, com pessoas que adotaram diversos animais que passaram por situação de risco.


Nunca escolhi um animal para morar comigo, mas tenho e tive muitos que "me escolheram" e seguimos todos unidos, cada um com uma história de superação. Surpreendentemente, são eles que me ensinam, a cada dia, com tanto carinho, inteligência e lealdade que mostram.


Não falam, é verdade, mas são fantásticos! E foi uma das amizades originadas do apoio aos animais me apresentou o curso de Promotoras Legais Populares (PLPs), realizado pelo Instituto Plena Cidadania (Plenu), de Sorocaba. Fiz o curso em 2009 e lá me reconectei com o estudo dos Direitos Humanos e Civis que tanto busquei na minha juventude.


Foi lá que também tive contato com diversas realidades de mulheres, muitas delas vítimas da violência de gênero e outras discriminações. Com as aulas, aprendemos não somente quais são nossos direitos, mas também a difundi-los e assim cuidar para que todas nós vivamos melhor.


Entendi, então, a importância de fazer com que todas as mulheres, em todas as localidades e culturas, se sintam amparadas e empoderadas. E que a missão de fazer com que mais e mais mulheres consigam exercer seus direitos é de todas nós, unidas. Sei que temos um grande caminho pela frente.


A cada dia percebemos o quanto estamos longe do ideal, mas também conseguimos ver o quanto as lutas feministas avançaram na conquista dos direitos que precisam de toda a nossa dedicação para serem preservados. Além de voluntária no curso de PLPs, atualmente também sou conselheira eleita do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM) e representante da Melhor idade.


Nessa nova atuação, vejo um horizonte repleto de possibilidades para garantirmos nossos direitos e avançarmos na igualdade social – o que faz todo sentido pra mim, desde sempre. Esse é o meu trilho, posso dizer.


***


ree


Cleide Aguiar


Casada com Sérgio e mãe de Dalila Tais e Danilo Tauê, seus amores, é também membro do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Sorocaba (CMDMS), além de representante do grupo da Melhor Idade. Atua como Promotora Legal Popular (PLP) e é ativista na proteção dos animais. Adora dias nublados, sem chuva, viajar e boa música.



*Curta nossa página e fique sabendo das novidades! **Conheça os demais autores aqui! (#cleideaguiar #autoperfil #linhaslivresblogue)

1件のコメント


Milene Martins
Milene Martins
2019年10月09日

Gente, que maravilha conhecer um pouco mais dessa mulher forte e alegre, que é minha amiga Cleide Aguiar! Parabéns, querida, por tanta autenticidade, coragem e um olhar à frente do seu tempo!

いいね!
Linhas Livres | BLOGUE DE TEXTOS
Inscreva-se em nosso Mailing:

Linhas Livres, carinhosamente apelidado de Lilis, é um blogue de textos feitos por estudantes, profissionais e interessados na arte da escrita. Um canal onde contam histórias, organizam memórias, soltam a imaginação e, assim, tornam-se narrativas. 

Leia Mais

 

  • White Facebook Icon

© 2017 Leila Gapy

_DSC0151
ae30fdcc-4a28-4738-837c-b76815bdc70e
0fca7eea-187d-43af-81e0-b9df0d283003
IMG_0848
WhatsApp Image 2020-03-12 at 9.53.50 PM.
IMG_0703_edited
Sueli
IMG-8452
IMG_0915
WhatsApp%20Image%202020-03-12%20at%206
IMG_0739
bottom of page