NICOLE BONENTTI!

Fotos de Pâmela Ramos

Sempre achei que falar de mim mesma é algo extremamente complicado. Para alguém que tem palavras para quase tudo, elas me escapam sobre aquela que sou. Escrevo antes mesmo de perceber que o fazia, deve ser por isso que jornalismo nunca foi uma escolha, mas uma certeza. Falo pelos cotovelos e ainda que tenha aprendido a guardar certas coisas para mim, respiro me posicionando e dou opiniões na mesma medida que sorrio para estranhos.

Fui a criança que o meu eu adulto sonha em ser. Representante de sala, a queridinha das professoras, presidente do grêmio estudantil, vencedora de concursos de redação. E hoje, tento a sorte de uma vida fazendo o que amo, torcendo por oportunidades. Não tenho muitas certezas sobre o futuro, mas sei que gostaria de alcançar diferentes realidades com aquilo que penso. Quero escrever um livro, mesmo que por hora, não saiba nem por onde começar.

Sou bagunça tanto quanto gente.

A chuva me traz paz e a ansiedade me tira o ar, eu valorizo muito pessoas e momentos. Sou naturalmente mandona e igualmente ingênua, acredito no melhor de cada um, mesmo já tendo visto o diferente tantas vezes. Acredito no amor e nas suas variadas formas. Amor pela vida, pelos cantos, pelos amigos e família. Me apaixono por companheirismo. Tenho conselhos na ponta na língua e impulsividade na ponta dos dedos, mas a autoestima sempre foi um problema.

Agarrei-me ao feminismo e à política para me fazer verbo, desde então o mundo tem sido um pouco mais cinza, mas o diálogo com outras pessoas é tão mais significativo que pinta a realidade com as cores certas. Tem dias que eu gostaria de poder fechar os olhos em meio a tanto caos, mas eles uma vez abertos só me mostram coisas a serem mudadas. Quero um mundo melhor, começando por mim, que encontro meus monstros toda quarta-feira à noite e luto para expulsa-los.

Faço terapia há cinco anos e como hambúrguer sempre que posso, o autoconhecimento me dá tanto prazer quanto a combinação de carne e molho da casa. Luto por mim mesma, ao meu lado. Pelo amor próprio que nunca é suficiente para que todo o resto da minha vida não seja prejudicado. Sou um reflexo das minhas fraquezas lutando para consertar aquilo que está quebrado. Remédios e exercícios não foram o bastante para controlar minha ansiedade, então a aceitei como parte de mim.

Amiga próxima, que me visita e vai embora quando quer.

Sou uma mistura de adulta responsável com fã de Demi Lovato e Crepúsculo. Provavelmente serei pelo resto da vida e nunca desejei crescer para aquilo que me faz feliz. Quero debater e problematizar cenas do cotidiano e, às vezes, somente escrever sobre o silêncio do fim das tardes. Espero encontrar reciprocidade em pensamentos de todo o canto e mudar de ideia sempre que as estruturas da minha mente estiverem abaladas demais para abrigar certezas.

Vou vivendo e assistindo tudo aquilo que a vida tem para me mostrar e em troca só peço inspiração para deixar minha marca no que digo e escrevo, e pessoas ao menos um pouco interessadas em compartilhar dessa visão de universo. Encontro na escrita o alívio para os dias de maior confusão e o desafio para me tornar quem sonho. Nunca estou satisfeita, mas não posso deixar de dizer. Venho tentando me entender e entender as coisas pelas quais estou disposta a encarar minha própria crítica.

Sou cruel o suficiente comigo, antes que outras pessoas possam ser. Venho tentando me abraçar e abrigar, e entender, que dou o meu melhor por agora, porque quero ser melhor sempre.

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Nicole Bonentti

Bagunça em forma de gente e ansiedade de olhos castanhos. Adora falar sobre política e aprender com diálogos cotidianos. Sorri para estranhos e fala sem parar, timidez nunca foi uma característica. Paladar infantil e gosto musical duvidoso. Tudo que pinta no caminho vira crônica e reflexão. As certezas ela deixa pra lá.

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