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OUTRAS TERRAS – Reportagens de viagem (Renato Modernell)

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 20 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura

Por Maíra Alves

Imagens San Paiva e Arquivo Pessoal


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Em Outras Terras – Reportagens de viagem, o jornalista, escritor e professor gaúcho Renato Modernell - de 65 anos e vencedor, entre outros prêmios, de dois Jabuti -, explora com uma sensibilidade infinita o melhor dos vinte destinos descritos em suas reportagens feitas, primeiramente, para revistas de viagem no período de 1982 a 2002, mas agora compiladas neste título.

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O livro, que relata desde os destinos clássicos, como Nova York, Buenos Aires (um dos meus capítulos favoritos) e Amsterdã, até os mais inusitados e instigantes, como Anavilhanas, São Gonçalo e a viagem de trem no maravilhoso Rovos Rail - da Cidade do Cabo até os arredores de Pretória -, mostra para o leitor um mundo que já não existe mais. E é exatamente essa a maior graça.


É impossível não se encantar com as descrições de Modernell sobre o Japão de 2002, já bastante tecnológico e avant-garde, à espera de sua Copa do Mundo, que se bem me lembro de ouvir, deixou muitas pessoas acordadas pela madrugada, por conta do fuso-horário. Ou ainda abrir um sorriso ao ler, numa pesquisa rápida, que a Estrada do Inferno, na qual o jornalista e seus companheiros passaram por atoleiros, hoje se tornou mesmo parte da BR-101, como os moradores de Mostardas (RS) sonhavam em 1984.


“Partimos, em tese, preparados para tudo. Mas esquecemos um detalhe essencial: o vento sul, que limpa o céu e faz brilhar os verdes do interior gaúcho, é o mesmo que enfurece o mar, jogando-o contra a praia, e atormenta os pescadores. Somos gente que vive em cidade grande, pouco entendemos de ventos, luas e marés. Sabíamos apenas que o carro estava pronto e aquele era o momento de partir. O sol estava de volta. Para nós, era o suficiente” (p. 91).


As marcas temporais aparecem ainda no texto, publicado primeiramente na revista Claudia, sobre sua viagem para a ilha de Cuba, em 1988. A companhia aérea na qual o autor viajou nem sequer existe mais e Fidel já não se encontra mais neste plano. A Cuba paradisíaca e isolada economicamente, pintada em belas palavras por Modernell, hoje já exibiu até desfile da Chanel pelas ruas quentes de Havana.


Além das já citadas, o livro traz ainda reportagens sobre uma Rússia que se adaptava à sua nova natureza pós-União Soviética, duas viagens que ilustram a Amazônia por estradas e rios, um texto mágico com pinceladas críticas sobre o Zimbábue, entre outros tantos que levam o coração do leitor apaixonado por viagens, como eu e como o autor, para passear.


Da dedicatória até o ponto final da nota que conta a história do navio da capa, o qual levou o escritor para uma das viagens mais importantes da sua vida, apaixonei-me pelo modo de contar histórias de Modernell. Sua prosa poética projetou pequenos filmes em minha mente sobre lugares que meus olhos nunca sequer tiveram a oportunidade de pousar.


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Pintou de novas cores até em lugares que já conheço — Porto Seguro, o destino que mais desgostei em toda minha vida, o qual o autor me fez sentir até simpatia e vontade de conhecer na sua versão de 1982. Ler as palavras de Renato Modernell é viajar sem sair de casa.


Viajar — no tempo e no espaço — com o coração. As outras terras do autor me aguçaram o coração inquieto e aventureiro a conhecer e gravar em palavras mais e mais destinos. Quem sabe um dia alguém ainda me leia e sinta o gosto agridoce do sentimento descrito tão bem pelo autor em seu lema da juventude: “Minha pátria é onde eu estou”.


*Serviço: Outras terras – Reportagens de viagem (São Paulo, 2017, Ed. do Autor, 184 p.) reúne vinte reportagens realizadas por Renato Modernell entre os anos de 1983 e 2002. O exemplar custa R$45, mais a postagem para envio pelo correio. Informações: renatomodernell@gmail.com.


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Maíra Alves

Belenense de nascença e sorocabana de coração, Maíra carrega a poesia no nome. Transforma coisas boas em palavras, coisas ruins em versos e escreve o que a fala não é capaz de expressar. Com 20 anos, é estudante de Psicologia e tem como motivação para seus textos as alegrias e desafios da vida. (Leia mais aqui!) Foto San Paiva | Fotopoesia


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