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PONTA NEGRA e a minha vida potiguar!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 8 de fev. de 2018
  • 6 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2018


Por Ivanira Matias - NATAL (RN)

Fotos (na ordem): Wikipedia; Henrique Araújo (Curiozzzo); Arquivo Pessoal


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Passei parte da minha adolescência tomando banho de mar em Ponta Negra, praia de Natal (RN). Muitas vezes não tinha dinheiro para ir à praia, apenas cinco reais e dois passes estudantis, mas ir até lá aos domingos era sagrado. Colocava meu biquíni, pegava o dinheiro e “se bora tomar banho de mar”, dizia. Quando conheci o mar e entrei na praia pela primeira vez já estava com mais de 12 anos de idade, fui com um grupo de amigas e conhecidos da cidade onde meus pais residem até hoje, Passagem (RN).


Sempre que tinha um feriado ou uma data considerada especial pela comunidade - como dia de resultado de eleição -, para nós adolescentes e jovens era sinal de farra. As comemorações quase sempre eram feitas em lagoas ou praias. Formávamos grupos e dividíamos os gastos com comida e bebidas, claro que os comes e bebes levávamos de casa, o transporte ficava por conta da prefeitura – vejam só!


Para mim, o mais difícil era convencer minha mãe a me deixar ir. A resposta dela era sempre a mesma. “Você não tem só mãe”. No geral, eu sempre conseguia convence – lá com aquele papo que todo adolesceste e mãe de adolescente conhece muito bem. “Mãe, todas as minhas amigas vão”!


Naquele dia especial, eu não lembro o que estávamos comemorando, porém lembro muito bem da imensidão do mar, era a praia de Sagi, última praia do litoral do Rio Grande do Norte, divisa com a Paraíba. Fiquei encantada com o mar. Mas nada se compara com a primeira vez que conheci a praia de Ponta Negra.

O nome Ponta Negra é decorrente da existência de inúmeras pedras de coloração preta à margem da praia, destacando-se uma, mais visível e próxima a uma duna de 120 metros de extensão, margeada por vegetação do Morro do Careca. Cujo nome se dá por causa de uma enorme faixa de areia que encobre a plantação. Ao olhar de longe temos a impressão de ver a careca de uma pessoa.


Tudo começou com a Vila de Ponta Negra, inicialmente um povoado, característica que gradualmente passaria a ser alterada pelo processo de urbanização e atividade turística. Os traços de povoado foram sendo modificados e, com os anos 1980, teve início a sua consolidação, no contexto da cidade de Natal. Neste período passou a ser destinado à moradia de classe média, entretenimento e, sobretudo, acumulação de capital.


Com isso, o aspecto da povoação cedeu lugar a outras características tão marcantes quanto às precedentes. O número expressivo de hotéis, pousadas, bares, restaurantes, casas noturnas, shoppings centers, locadoras de veículos, albergues localizados na parte sul da cidade são destinados, em sua grande maioria, a suprir demandas bairros da zona sul, como Ponta Negra, crescente principalmente nos últimos 20 anos.


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Porém, como todo lugar, também apresenta alguns problemas, como falta banheiro público, usuários de drogas e/ou pessoas marginalizadas socialmente. Mas o lugar é belíssimo. É simplesmente impossível visitar a cidade e não dar uma parada na praia para tirar fotos do monumento e curtir um delicioso banho. As ondas não são as mais tranquilas, mas também não são revoltas. Por outro lado, para relaxar, não tem lugar melhor. A água é morna e limpa, quase transparente, até dá pra ver os peixinhos.


Sem falar da comida típica, como feijão verde com peixe frito, caranguejo, carne de sol com macaxeira, peixe frito com macaxeira, farofa d’água, farofa de queijo, uma variedades de pratos de dá água na boca! E as bebidas? Hum, as bebidas! Ula-ula é uma mistura de bebida alcoólica servida dentro da fruta. Como, por exemplo, abacaxi. Vai leite condensado também. Os vendedores ambulantes ofertam ginga - um peixe da espécie manjuba ou manjubinha, que tem aproximadamente 15 centímetros de comprimento.


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Uma iguaria tipicamente potiguar, geralmente servido assado na grelha ou na brasa. Acompanha tapioca, espetinho de camarão, espetinho de queijo de coalho e água de coco bem fresquinha. Quando comecei a frequentar a praia de Ponta Negra, o Morro do Careca ainda não estava interditado, subir o morro era minha diversão favorita.


A subida era extremante exaustiva, mas valia a pena chegar ao topo do morro olhar para baixo e ver a imensidão do mar. Ficava um pouco sentada na areia, descansado, e tomava uma água de coco antes da descia. Não tenho como explicar a sensação de liberdade ao subir o Morro do Careca e sentir o vento com areia batendo no rosto, simplesmente libertador.


Passei a ir todos os domingos até lá, depois que fui morar com uma grande amiga, quando tinha 14 anos de idade. Fran é uma mulher mais que especial, daquelas que quem a conhece jamais esquecerá. Batalhadora, humilde de coração, guerreira, gentil, amiga, mãe dedicada. Faltam-me adjetivos para classificar essa grande mulher.


Quando fui morar com ela não era pra ser por muito tempo, era apenas um simples mês de férias, cujos finais de semana eu estaria em casa. Mas logo em seguida essa minha amiga se separou do marido e ficou com dois filhos pequenos, e uma baita batalha a enfrentar pela frente. Apesar de ser ainda adolescente, eu já tinha um pensamento diferenciado de muitos adolescentes da minha idade.

Foi aí que Fran me chamou para morar com ela em Natal, com o combinado de que eu a ajudaria com as crianças e nos afazeres de casa, e ela no que eu precisasse. Assim sendo, nasceu uma grande amizade. Éramos amigas confidentes! Foi difícil convencer minha mãe a me deixar ir morar e estudar na capital, porém, ela sabia que não teria sossego se não deixasse. Além do mais, todos os finais de semana eu estaria em casa, sem falar, que Natal fica pouco menos de uma hora de viagem até a cidade dos meus pais.


Não foi exatamente o que aconteceu, com o passar dos meses, as idas aos finais de semana para casa foram diminuído, e as das praias passaram a ser com mais frequência. No Inicio eu só saia como minha amiga Fran, depois comecei a sair também com outras amigas da minha idade, principalmente quando a Fran não podia ir junto. O legal e que a gente não precisava de muito dinheiro para ser feliz e se divertir.


Depois comecei a ir com meu namorado, hoje marido. Eu já estava fazendo Ensino Médio e ele terminando o Técnico em Mecânica. Pouco menos de um ano de namoro ele viajou para estagiar na Vale no Pará, antiga Companhia do Vale do Rio Doce. Depois de cinco anos de namoro nos casamos, mas essa é outra longa história que está mais para comédia – que contarei em outro momento.

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Mas a primeira vez que retornei a Natal, depois de dois anos que me mudei para Serra dos Carajás, no Pará, foi com minha filha ainda bebê nos braços. Hoje ela já tem 15 anos. Ponta Negra foi à primeira praia que a levei, tive medo de entrar no mar com minha bonequinha. E ela estava com apenas 45 dias de vida. Porém, não podia deixar de dar seu primeiro banho de mar. Então, peguei uma caçamba de brinquedo do sobrinho do meu marido, que também estava comigo, enchi a caçamba do carrinho com água da praia e dei banho na menina mais linda do mundo.


O banho não foi dentro do mar como gostaria que fosse. Mas, valeu! Estávamos na praia mais linda de Natal e isso era tudo! Retirei o sal do seu corpo pequenino com água mineral, retornamos mais cedo pra casa devido o sol, que já estava ficando muito quente. Após três meses de férias, voltei pra realidade - marido, casa, trabalho, curso. Enfim, deixei Ponta Negra apenas para visitas anuais. É quando mato a saudade e renovo as energias.


Praia de Ponta Negra

A Praia de Ponta Negra fica no bairro nobre do mesmo nome, em Natal, capital do Rio Grande do Norte. A orla tem 4 km de extensão e é considerada uma pequena baía, devido a geografia. Abriga o ponto turístico do Morro do Careca e é tida como uma das sete Áreas Especiais de Interesse Turístico do litoral brasileiro, sendo vigiada 24 horas por dia, com 23 câmeras distribuídas ao longo da orla. Informações: www.natal.rn.gov.br.


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Ivanira Matias


Ou, simplesmente, Nira, tem 39 anos, casada há 16 com um cara mais que especial,  é mãe da encantadora Luanda e tem uma cachorrinha chamada Amora. Estudante de fisioterapia, pretende especializar-se em geriatria. Caseira, adora um bom filme na companhia da família. Gosta de desafios e de uma boa prosa. (Leia mais aqui!) Foto: San Paiva | Fotopoesia

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