VELHA ou doce infância?
- Lilis | Linhas Livres
- 26 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Por Wanderlúcia Garcia
Imagens Divulgação
Como foi importante pra mim ter tido uma infância simples e feliz. Ter vivido sem toda essa tecnologia da atualidade e poder brincar na rua, subir em árvores, colher a fruta e comer em baixo do pé; o que foram fatos do meu dia-a-dia - uma rotina gostosa e especial que pude viver -, parece não existir mais.

Minha família morava próxima a uma área verde em Sorocaba (SP), havia muitas árvores, algumas enormes, além de formigueiros imensos. Meus amigos e eu gostávamos de explorar esse lugar, para nós parecia uma floresta, era muito bonito e ininterrupto, até que a nossa floresta foi desmatada e foi construído um condomínio no local – onde, por ironia do destino, eu moro atualmente.
Eu adorava brincar na terra, com água e barro, jogar queimada, andar de bicicleta, de patins, de skate, pular corda, jogar bola, soltar pipa, enfim, eram muitas as brincadeiras, uma mais divertida que a outra. E quando se tinha várias crianças para brincar junto, era muito melhor e divertido.
Não se podiam ter tantos brinquedos como atualmente, os tempos eram outros, tudo era muito mais caro e não havia muita diversidade também. Por outro lado, era possível brincar na rua sem tantos riscos, os assaltos eram raros, não havia os chamados Nóias (consumidores de drogas ilícitas) pelas ruas, no máximo poderia se ver um ou outro bêbado na porta de algum bar.
Crimes hediondos eram mais difíceis de ocorrer. A vida era mais tranquila, parecia que o tempo passava mais devagar, dava para fazer tantas coisas em um único dia. A infância passou, me casei e tenho uma filha que está completando 5 anos de idade nesse mês de outubro, tão especial.
Essa experiência da maternidade me faz perceber uma outra infância, atual, com câmeras por todos os lados, nos vigiando 24 horas por dia, muros de 4 metros de altura, cercas elétricas e alarmes para todos os lados. As ruas já são mais perigosas, há pessoas suspeitas, crimes, acesso a drogas, sem falar no ódio gratuito e o perigo rondando sua família o tempo todo.
Hoje já não se pode ter a liberdade de antigamente, vivemos presos entre quatro paredes com nossas cabeças olhando fixamente para nossa tela à mão. Vivemos a falsa impressão de estarmos em todos os lugares ao mesmo tempo, com várias pessoas, conectados ao mundo todo, mas estamos inertes no tempo enquanto o mundo gira.
Isso me traz muitas reflexões. Penso que a vida é como uma rua de mão dupla, ora estamos vivendo, ora estamos evoluindo. Confesso que atualmente me realizo brincando com minha filha, brincando com brinquedos que nunca pude ter, vivenciando momentos únicos, que são especiais porque a tenho em minha vida.
Esse sentimento me lembra do quanto precisamos sentir mais as belezas do hoje, vivermos o momento, apreciarmos as pessoas, demonstrarmos mais o que sentimos e nos reunirmos mais, estarmos verdadeiramente em família e entre amigos.
A vida é muito breve, estamos aqui para sermos e fazermos as pessoas felizes. Creio que é hora de deixarmos as pequenas coisas de lado, aquelas que nos distraem do que realmente importa. Por mais que ela, a vida, nos cobre resultados todos os dias, temos o nosso verdadeiro eu dentro de nós mesmos.
Sejamos felizes para que possamos voltar a ter a pureza e a doçura da criança que fomos um dia, a simplicidade no olhar, a amizade, o entusiasmo. Não podemos deixar a criança que existe dentro de cada um desaparecer. Mas isso só depende de nós mesmos.

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Wanderlúcia Garcia
Mãe, esposa, filha, amiga, pessoa feliz e amorosa, que adora estar em família e amigos. Para combater a injustiça escolheu o Direito como formação. Pisciana sonhadora, ama a natureza e tudo que Deus criou. Tem o papel e a caneta como amigos, pelos quais pode desabafar e criar. (Leia mais aqui!) Foto San Paiva | Fotopoesia.
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