top of page

VERA LÚCIA SOARES!

  • Foto do escritor: Lilis | Linhas Livres
    Lilis | Linhas Livres
  • 1 de out. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de out. de 2018


Fotos San Paiva


Nasci em 1973, na Princesinha do Sertão, como é conhecida a cidade de Feira de Santana, no interior da Bahia. Mas na verdade sou de Santis, Santistêvo, no mapa, Santo Estêvão (BA). Um município às margens da rodovia BR-116, partindo da capital, Salvador (BA), um pouco antes da vizinha Feira de Santana.


ree

É que em Santis não tinha hospital e muito menos maternidade. Sou a primeira filha da minha mãe, Alvaíza Oliveira Soares, também chamada de dona Val, e de meu pai, José Souza Soares, seu Zé Bigode. Éramos em seis irmãos, quarto mulheres e dois homens, mas umas das minhas irmãs faleceu aos três meses de idade, devido desidratação.


Minha infância foi muito difícil e, ao mesmo tempo, muito divertida também. Apesar de ter casa, no centro da cidade, morei por um tempo com minha tia, irmã de minha mãe, na roça, com um monte de primos. Nos divertíamos até caçando lenha pra acender o fogão. Em outra ocasião morei também com minha avó - uma amiga de minha mãe que eu adotei como minha avó.


Lá também eu reinava por ser única criança e era paparicada por todos. Enquanto a minha mãe tinha que trabalhar na plantação e meu pai em São Paulo, capital, como mestre de obras, eu ficava com as duas e brincava. Sempre gostei de música e de dançar. Ganhei o meu primeiro rádio aos três anos de idade, único presente que meu pai me deu.


Comecei a trabalhar muito cedo, aos nove anos já cuidava dos meus irmãos. Mas também lavava a louça na casa das minhas tias, para ganhar uns trocados e poder comprar roupas para as festas. Antes de completar 13 anos eu já estava oficialmente trabalhando em um bazar de um tio do meu pai. Na Bahia, esse tipo de bazar é conhecido como armarinho.

No caso, era o armarinho da dona Fátima. Eu tinha repetido de ano escolar e, como se não bastasse esta punição, comecei a trabalhar para ajudar nas despesas de casa, então estudava à noite. Meu pai, que trabalhava fora, sempre retornava para a Bahia, mas bebia muito e eu não suportava o clima em que vivíamos.


A convivência com pacientes de alcoolismo não é das melhores, descreverei esta memória em outra oportunidade. Então, com 16 anos finalmente saí de casa. Fui morar com meu tio, irmão da minha mãe, em Atibaia (SP). Eu nem conhecia a família do meu tio, mas queria tanto sair da minha casa - onde havia muitas brigas -, que arranjei coragem e parti do nordeste para o sudeste, rapidamente.


E logo que cheguei em Atibaia, comecei a trabalhar em uma loja de confecção. Depois em um salão de beleza e, por último, em uma loja de utilidades e brinquedos, onde fiz muitas amizades, felizmente, as quais ainda cultivo. Terminei o Ensino Médio com muito custo e, infelizmente, não fiz faculdade na época por não ter condições financeiras. Em um futuro próximo, talvez, quem sabe?


Gosto muito de artes e história, poderiam ser opções de graduação. Em 2001 casei-me e mudei-me novamente, desta vez fui para Alumínio (SP). Morei lá pouco mais de um ano e depois me mudei novamente, desta vez para Sorocaba (SP), onde tenho a minha casa. Separei-me e, depois de 14 anos longe do mercado de trabalho, consegui uma colocação e trabalhei em uma loja de tecidos por um ano e meio.


Infelizmente novamente a crise econômica e financeira que o Brasil passa, aliada às mudanças que surgiram em minha vida, provocou minha dispensa. De lá pra cá fiz muito artesanato em Patchwork - técnica que eu amo desenvolver –, para ter renda, mas recentemente também dei um tempo.


Fiz alguns minicursos, como de culinária, computação, para assistente administrativo, para Promotora Legal Popular (PLP) – formação para líderes comunitárias desenvolvido pelo Instituto Plena Cidadania (Plenu) -, e o de Escrita Simplificada. Mais recentemente participei do Ladies Rock Camp Brasil, como vocalista – um projeto de empoderamento feminino por meio do rock.


Confesso que esse tempo após a separação tem servido para me interiorizar e me conhecer melhor. Descobri que não gosto de nada muito longo e que ando muito sem paciência. Acredito que sejam as mudanças hormonais associados a um período recente que passei de estresse. Por isso estou me permitindo novos ares e estou de mudança, novamente, para Atibaia.


Resolvi ir para perto dos meus irmãos, que agora residem lá, e quero aproveitar essa alteração para ser mais calma na alma. Atualmente, graças a Deus, o meu pai abandonou o vício do álcool é uma outra pessoa. Minha mãe sempre foi muito batalhadora, ativa, adora cozinhar, mas com o sofrimento do matrimonio veio a depressão e os transtornos de humor. Está se cuidando.

Meus irmãos todos se casaram e, assim como eu, vieram para Atibaia, minhas irmãs continuam morando na Bahia. Sou uma mistura de verdades, muita incompreensão, ansiedade e aflições. Gosto das pessoas e me decepciono comigo mesma. Por um momento fiquei ser saber o que fazer da minha vida, contarei esta história em outra ocasião.


Mas confesso que sou também uma mistura de decepções e dúvidas, brigo comigo mesma por causa disso. Sou muito emotiva e, às vezes, me falta coragem para muita coisa.

Costumo pedir a Deus que transforme isso tudo que sinto em paz. Digo sempre pra mim mesma "preciso de Ti, Senhor". Principalmente quando preciso tomar decisões importantes ou ter coragem para aproveitar mais as oportunidades que aparecem. Acho que Ele tem me ouvido.


Observe, sou uma mulher, ainda menina, mas já guerreira, com sonhos engavetados. Cheia de dúvidas, anseios, mas curiosa, com esperança oscilante. Sou amor, sou sincera, sou sonho. Sou Vera, Verinha, Verica, Veritha, Veroca, Verusca, Velucia, Tinha (para mina mãe), Tel (para meu pai), Coruja (para minha tia) e Leão (para os meus irmãos); só agora me dei conta de quantas Veras cabem em mim.


***


ree

Vera Lúcia Soares


Curiosa por natureza, adoro reunir os amigos. Mas gosto muito de viajar também, além de dançar, ouvir música e apreciar as artes. A leitura sempre me acompanhou e o medo de me expressar também, estar aqui é um desafio. Mas como sou comunicativa e gosto de estar conectada com o mundo, acho que a aventura será inesquecível. Espero que para você, leitor, também!



*Curta nossa página e fique sabendo das novidades!

**Conheça os demais autores aqui!


コメント


Linhas Livres | BLOGUE DE TEXTOS
Inscreva-se em nosso Mailing:

Linhas Livres, carinhosamente apelidado de Lilis, é um blogue de textos feitos por estudantes, profissionais e interessados na arte da escrita. Um canal onde contam histórias, organizam memórias, soltam a imaginação e, assim, tornam-se narrativas. 

Leia Mais

 

  • White Facebook Icon

© 2017 Leila Gapy

_DSC0151
ae30fdcc-4a28-4738-837c-b76815bdc70e
0fca7eea-187d-43af-81e0-b9df0d283003
IMG_0848
WhatsApp Image 2020-03-12 at 9.53.50 PM.
IMG_0703_edited
Sueli
IMG-8452
IMG_0915
WhatsApp%20Image%202020-03-12%20at%206
IMG_0739
bottom of page