VERDADE exposta!
- Lilis | Linhas Livres
- 8 de set. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2018
Por Raquel Teixeira
Imagens de Henn Kim

Início
É o extremo de ambos os lados
Eu vejo imagens e o que eu passo no mundo
expresso tudo no verso
Desenvolvendo a poesia pela paz
Porque eu já nem vivo mais com tanta
Multinacionais, digitais
Eu posso receber e transmitir sinais
Minha vida é em função de observação
A arte da luta e da contemplação
Preconceito
Primeiro,
visão de que preto é ladrão
Muita intuição
Sei que meu valor não tem distinção de cor
Astral, o amor está além do visual.
Mas sinto em lhe dizer, olha eles vindo ‘’ae’’
Nos julgando, como fazem com tudo que veem:
É por conta do seu cabelo raspado,
braço tatuado, dread, cor da pele,
cigarro na boca, maluco de toca,
mas passa um de maleta preta,
smoking e gravata?
Estendem o tapete vermelho,
fazendo serenata.
Pessoal
Contribuinte do preconceito, faça o seguinte:
Vai no Fórum Velho,
troca uma ideia ‘’cos’’ cara de lá
e depois te pergunto:
quem é que vai te estereotipar, julgar?
Eles ou o pessoal da Urubu? Tudo ’’sangue azul’’.
Me desculpe, meu sangue é igual
ao das lésbicas, gays, trans, negros, orientais:
sangue vermelho, da cor do amor.
Mas não tenho preconceito, longe de mim.
Só não quero minha filha andando com essas pessoas,
nem namorando um rapaz negro e ainda fazendo negrice,
querendo por dread e rapar o cabelo.
Cadê o respeito?
Com todo respeito essa é quem eu sou, o meu estilo, a minha vida.
Não preciso mudar, talvez o que precise é o seu modo de pensar.
Mas me desculpe mesmo assim,
não é essa vida que eu queria pra mim.
Dois anos longe de casa e toda semana de você.
Perdendo amigos que não entendem
a causa de cumprir o compromisso
de construir um novo trilho.
E já são quatro anos sem meu pai
e como é que vai?
Vou desviando de pedras, egos, hipocrisia.
Aliás, avisa Moisés que abrir mares ficou pra trás.
A treta agora é abrir as mentes.
Rashid é melhor que remédio.
Eu posso estender a minha mão.
Somos todos irmãos.
Concordo com o Pablo,
é muita reclamação,
mas o mundo continua igual.
Vigésimo primeiro século,
geração da depressão,
é preciso ação.
O mundo aí fora parece uma eterna festa,
pura ilusão fomentada pela televisão.
Eu também peço a força, a calma e a benção.
Sei que a chance é única,
esse é o fardo que eu carrego
e entrego minha alma nesses versos.
Ciência
Acordo todo dia pensando em resistir mais um dia na covardia, nesse mundo de ator e valor atualizado, que me cansa. Mais amor, menos motor, por favor. Quero ser engenheira pra construir um PC que desinstale o caos na terra. Platão estava certo, seus olhos vão arder, são muitos anos na caverna.
Ptolomeu também estava com a teoria do geocentrismo, homens no centro do universo, todos controversos e perversos. E do que adianta, se é esse o prêmio para o gênio.
Preso na lâmpada há um milênio? Eu já to cansada, preciso de espaço. Vou pra lua e aproveitar avisar os alienígenas que os humanos já foram. Aliens alienados, por favor, Einstein e Stephen Hawking ao invés de achar uma equação que explique tudo, que tal acharmos uma que salve o mundo?
Estado
A mão invisível de Adam Smith ferra os pobres e é lá no Vale do Silício e na Wall Street o coração do capital e da informação? Não, da opressão, ondulação.
E nós brasileiros, herdamos as dívidas que o tempo nunca apaga. É tanta coisa pra pensar que minha mente ta embaralhada. Vou no curso toda sexta à noite e escuto que o estado é a solução. Mas com essas pessoas no poder? Hum, acho que não. E não adianta falar que é só votar direito, se a nossa escolha é entre o seis e a meia dúzia.
E nada é por acaso, tudo é relembrado, férias do passado, é a luta de classes durante toda história, nome novo pra coisa velha: de servo e vassalo pra burguesia e proletário.
É só ver as notícias: as reformas, a censura - que lembra a ditadura -, cura gay-pura distração -, violência, o estupro é concedido, manifestação é vandalismo, corrupção explícita, milícia. E o que estão fazendo com Rafael Braga, e outros milhares que estão na mesma saga. Pessoa sem ter o que comer e o Geddel guardando 51 milhões no apê.
Mas cadê o Estado vendo o estado das pessoas no SUS? O estado das universidades sucateadas? Sistema de ensino falido, sem salário pro professor, vamos cancelar o ano letivo. E cadê o incentivo? UFRJ foi a primeira, mas não a última. Bem-vindo ao país que ao invés de resolver os problemas na base, prefere o pão e circo pra distrair o povo, sem contar o bobo.
E cuidado! O estado, sem vergonha, vai encher você de alienação. É preciso debater assuntos como o aborto e a maconha. Preciso de um espaço aberto pra filosofar cultura, literatura, matemática, magia pura. Froid se achar, me leve em sua aventura.
Pessoas
E em meio a tanto problema, o foco das pessoas e das câmeras estão onde? No Facebook, curtida no Instagram, snaps na balada e no meu Cruze Sedan. Concordo com a Triz, to cansada desse mundo de aparências sem fim. Juro, tudo cheio de pessoas vazias. Prefiro meu quarto, minha lapiseira, caneta, papel, meus livros e minha vó, muito mais conteúdo que isso tudo.
É preciso reverter tudo para enxergar a verdade. É difícil, mas é assim. Temos muitos exemplos a seguir, como: Martin Luther King que buscou a união, Gandhi que fez revolução sem briga e Jesus dividiu o pão. Temos a sociedade dos poetas mortos que ainda vivem conosco, como Clarice, Assis, Drummond, Bandeira, Hilda, Srtª. Dinadi e Sabotagem que moram em nossas mentes, cultivando a semente que se desprende pra ir a frente desse tempo.
Talvez ao invés de pensarmos qual será a sociedade do futuro, vamos começar mudando hoje. O tempo ensina, mas ele também te mata. O horizonte não é o limite, tem muito mais do que a gente consegue ver, mas sempre existirão barreiras, cabe a nós derrubar ou concordar.
Melhor eu parar senão não tem fim. Não faço esforço pra escrever, você também pode aprender: só observar o mundo à volta, sair da bolha e olhar como terceira pessoa. Ir à frente de seu tempo, um olho no abismo e outro no asfalto, e é assim que se constrói a ponte para o outro lado.
Obrigado.
*Henn Kim é uma ilustradora sul-coreana que desenha imagens conceituais e minimalistas em preto e branco, sempre envolvendo elementos psíquicos comuns ao ser humano. Seus traços pontuam metáforas e expõem, principalmente, a alma feminina.
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Raquel Teixeira
Tem 16 anos de histórias, lembranças, sentimentos e sonhos. Estudante, ela é o símbolo da metamorfose e representa a geração dos que acreditam na palavra. Por meio da lírica, constrói um novo trilho para um futuro melhor. Desenvolvendo a escrita pela paz, amor e humanização, ela arrisca, observa e compartilha sentimentos e histórias reais para cumprir esse propósito e alcançar a própria plenitude. (Leia mais aqui!) Foto San Paiva | Fotopoesia
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